quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Um Novo Ideário...








RESUMO SOBRE O ARTIGO UM NOVO IDEARIO DO RENOMADO CRITICO LITERARIO Silviano Santiago


1-A poesia social de Castro Alves e de Sousândrade,o modernismo de Franklin távola, a ultima ficção citadina de Alencar já diziam muito,embora em termos românticos,de um Brasil em crise. de fato,a partir da extinção do tráfico,em 1850,acelera-se a decadência da economia açucareira: o deslocar-se do eixo de prestigio para o sul e os anseios das classes medias urbanas compunham um novo quadro para a nação,propicio ao fermento das idéias liberais,abolicionistas e republicanas. de 1870 a 1890 serão essas as teses esposadas pela inteligência nacional,cada vez mais permeável ao pensamento europeu que na época se constelava em torno da filosofia positiva e do evolucionismo. Conte, Taine,Spencer,Darwin e Haeckel. Foram os mestres de Tobias Barreto,Silvio Romero e Capistrano de Abreu e o seriam,ainda nos fins do século,de Euclides da cunha,Clóvis Belilacqua,Graça Aranha e Medeiros e Albuquerque,enfim dos homens que viveram a luta contra as tradições e o espírito da monarquia.

2- os anos 60 tinham sido fecundos como preparação de uma ruptura mental com o regime escravocrata e as instituições políticas que o sustentavam.
E o sumo dessas criticas já se encontra nas páginas de um espírito realista e democrático,Tavares Bastos que advogava o trabalho livre nas suas admiráveis cartas do solitário (1862) e uma política aberta de imigração na memória sobre Imigração,1867.


3- O tema da abolição e,em segundo tempo o da republica serão o fulcro das opções ideológicas do homem culto brasileiro a partir de 1870.raras vezes essas lutas estivem dissociadas: a posição abolicionista,mas fiel aos moldes ingleses da monarquia constitucional,encontrou um seguidor no ultimo grande romântico liberal do século XIX:Joaquim Nabuco .mas a norma foi a expansão de uma ideologia que tomava aos evolucionistas as idéias gerais para demolir a tradição escolástica e o ecletismo de fundo romântico ainda vigente e pedia á França ou aos Estados Unidos modelos de um regime democrático.

4- hoje,depois de mais de trinta anos:hoje que são elas correntes,e andam por todas as cabeças,não tem mais o sabor de novidade,nem lembram mais as feridas que,para as espalhar,sofremos os combatentes do grande decênio:positivismo, evolucionismo, darwinismo,critica religiosa ,naturalismo,cientificismo na poesia e no romance,folclore,
novos processos de critica e de historia literária,transformação da intuição do direito e da política,tudo então se agitou e o brado de alarma partiu da escola Recife.


5- descoberta a ênfase de Silvio,explicável nas memórias de um lutador que se crê injustiçado,o texto abre bem ás mudanças do tempo .apenas deveríamos acrescer que “o movimento subterrâneo que vinha de longe” se originava nas contradições da sociedade brasileira do II império,que os compromissos do período romântico já não bastavam para atenuar. Pelos meados do século desapareceram em todo o Ocidente os suportes do romantismo passadista: não tinham mais função social a velha nobreza e a camada do clero.

6-O Realismo ficcional aprofunda a NARRAÇÃO DE COSTUMES CONTEMPORANEOS da primeira metade do século XVIII (Lesage ,Defoe, Fielding,Jane Austen...) nas obras desses grandes criadores a burguesia durante o século XIX foram rasgando os véus idealizastes que ainda envolviam a ficção romântica. desnudam-se as mazelas da vida publica e os contrastes da vida intima. O escritor realista tomará a serio as personagens e se sentirá no dever de descobrir-lhes a verdade,no sentido positivista de dissecar os móveis do seu comportamento.

7- o ponto mais alto e mais equilibrado da prosa realista brasileira acha-se na ficção de Machado de Assis. O seu equilíbrio não era o goetheano – dos fortes e dos felizes,destinados a compor hinos de gloria a natureza e ao tempo;mas o dos homens que,sensíveis á mesquinhez humana e á sorte do individuo,aceitam por fim uma e outra como herança inalienável,e fazem delas alimento de sua reflexão cotidiana.
O Machado que se indignará quando jovem cronista liberal,ante os males de uma política obsoleta,foi mudando nos anos de maturidade o sentido do combate,e acabou abraçando como de fado eterno dos seres o convívio entre egoísmos,até assumir ares de sábio estóico na pele do conselheiro Aires.

8- Raul Pompéia partilhava com Machado o dom do memorialista e a finura da observação moral,mas no uso desses dotes deixava atuar uma tal carga de passionalidade que o estilo de seu único romance realizado,o Ateneu,mal se pode definir,em sentido estrito,realista;e ja houve quem o dissesse impressionista,afetado pela plasticidade nervosa de alguns retratos e ambientações, por outras razões se poderiam nele ver traços expressionistas,como do mórbido e do grotesco com que deforma sem piedade o mundo do adolescente. Que o livro guarde estreitas relações com o passado do autor,parece hoje verdade assente: “o romancista se vinga” – é a tese de Mario de Andrade;e a sondagem psicanalista não hesita em detectar o complexo edipiano. No afeto do menino Sergio pela mulher de Arstarco, o diretor do “Ateneu” execrado como o pai tirano.
Raul Pompéia era artista cônscio do seu oficio de plasmador de signos, ficasse a sua obra no plano projetivo das angústias e no seu desafogo por certo não teria ultrapassado o limitar da literatura de confidencia e evasão que marcou quase toda a prosa romântica.

9- Em Aluísio de Azevedo a influencia de Zola e Eça é palpável,e quando não se sente,é mau sinal:o romancista virou produtor de folhetins. Aliás,trata-se de um caso raro e precoce de profissionalização literária:”Aluízio de Azevedo- disse Valentim Magalhães- é no Brasil talvez o único escritor que ganha o pão exclusivamente as custas de sua pena,mas nota-se que apenas ganha o pão: ”As letras no Brasil ainda não dão para a manteiga” essa luta com a pena pelo pão certamente explica o desnível entre seus romances sérios ( O mulato,Casa de Pensão,O Cortiço) e os pastelões melodramáticos de “Girãndola de amores,a Mortalha de Alzira...) e talvez á mesma causa se possa atribuir o estranho abandono das letras que se lhe nota a partir dos quarenta anos,quando entra para a carreira diplomática e se elege membro da academia recém formada.


10- a forma critica de Coelho neto conheceu os extremos do desprezo e da louvação,desde “o sujeito mais nefasto que tem aparecido no nosso meio intelectual”,de Lima Barreto,a “o maior romancista brasileiro” desde Otávio de faria.
É verdade que,depois dos ataques modernistas,se tornou sensível certo desejo de ponderação,de meio-termo,ao se falar dos malsinados medalhões do pré-modernismo. Muito louvável, por que justo,o cuidado de não se repetirem preguiçosamente anátemas implicáveis.
Mas quando se usa a palavra “reabilitação”,carregando-lhe o acento valorativo,também se faz mister outro tanto de ponderação e meio-termo.reabilitar em que sentido? Se em nome de uma determinada doutrina estética. então urge primeiro demonstrar a sua validade para ontem e para hoje;mas,se em nome de um pensamento causalista (Coelho Neto teria escrito como o exigiria seu tempo), já não seria o caso revalorizá-lo,se não apenas de situá-lo e compreendê-lo.veja-se,pois,como é tarefa crítica delicada- bem como amiga de improvisações culturais e sentimentais.


Silviano Santiago

Resumo de Bruno Bellei

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